A
O poema tem como tema o apelo ao Mestre da Paz, para que
venha reerguer a pátria e desenvolve-se de forma linear, dado que a primeira estrofe
funciona como introdução, onde se endereça o pedido àquele que no momento jaz
adormecido, inconsciente, ainda, do destino que lhe está reservado. Na segunda
estrofe, o apelo continua e começam a desvendar-se as razões que lhe estão
subjacentes: a pátria espera que “ele” a venha erguer, isto é, o povo sofredor
exige dele a “suprema prova”, que o fará atingir a “Eucaristia Nova”, ou seja,
a glória de outrora, a projeção da nação. Na última estrofe, a exortação ao
“Mestre da Paz” prossegue, mas aqui é percetível a recompensa reservada ao
“Galaaz” que usou a espada ungida, cuja “luz” permitirá à nação revelar-se.
2. O tom exortativo estende-se por todo o poema,
traduzindo a angústia e a aflição do sujeito poético que, através das
apóstrofes e do imperativo, reclama a presença do predestinado (D. Sebastião),
de modo a que a glória do povo português possa ser restabelecida e a nação saia
do estado de inércia em que se encontra.
4. O apelo resulta não só do estado
decadente da nação mas também porque o povo português continuava a depositar a
sua fé, a sua esperança, em D. Sebastião, vendo nele o salvador, o redentor da
pátria adormecida, apenas envolta em glórias antigas que urgia recuperar.
B
4. O espaço
representado é o “Horizonte”, caracterizado como uma paisagem à beira-mar
(“pinhal verde”, “naquele pedaço de mar”, “areais”). É um espaço associado a
dois tempos: o presente, captado pelos sentidos, e o passado, evocado pela
memória; surge descrito como vazio, local de finitude e de esterilidade
(“Horizonte vazio”, “linhas vazias… e gastas”, “Árvore morta sem fruto”),
traços estes que marcam esse lugar no presente. Porém, no passado, foi cenário
de festa e de sonho, mas esse tempo e esse espaço estão irremediavelmente
perdidos.
5. Nas terceira e quarta estrofes destaca-se a “fabulosa festa” de que o
“Horizonte” foi palco e, por isso, todo o léxico o confirma, nomeadamente
palavras como “bailando”, “passos” de baile, “cantava”; é o espaço onde a noite
e a claridade encenam uma festa de luz e de movimento, de silêncios e de canto,
onde a plenitude “naquele pedaço de mar ao longe” se alcança, onde “ardia / O
chamamento infinito dos espaços.”. Deste modo, esta evocação confere ao passado
a dimensão de um tempo eufórico para o “eu”, justificando-se, por isso, a utilização
de vocabulário com valor semântico positivo.
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