Geração de 70, Questão Coimbrã e correntes literárias – Realismo e Naturalismo
A Geração de 70
Está associada à tomada de consciência de uma época em que a mudança e uma nova mentalidade se impõem. Por volta de 1865, um grupo de jovens estudantes coimbrões, do qual Antero é o líder incontestado, transforma-se em pensadores, artistas, historiadores, escritores, poetas e contacta com as novidades vindas de França, Inglaterra e Alemanha e, rapidamente, revelam o seu inconformismo face à inércia e conservadorismo português.
Na tentativa de entender o Romantismo, apercebem-se da necessidade de desenvolver uma revolução cultural porque, se o 1o. romantismo (expoenciado por Garrett e Herculano) se limitou aos problemas nacionais, teve, porém, o mérito de acreditar num ideal progressista e na força da liberdade, mas o mesmo não aconteceu com o 2o. , já que se limitou a aprofundar o sentimentalismo, levado à frustração, afastando as ideias novas da arte em geral.
A Questão Coimbrã
Tratou-se de uma polémica literária que teve como principais conflituantes Antero de Quental e António
Feliciano de Castilho.
Com efeito, algumas publicações de seguidores de Castilho e a celebérrima carta deste ao editor do “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, onde o patriarca das letras tece elogios a este escritor e o recomenda para docente da cadeira de Literatura a que Antero também aspirava, constituem o rastilho para a troca de libelos, destacando-se o folheto “Bom senso e bom gosto”, no qual Antero reclama a liberdade e autonomia do escritor e apela ao seu envolvimento social.
As Conferências do Casino
Desde a Questão Coimbra, Antero sentiu a necessidade de retirar a cultura portuguesa do clima de estagnação em que se encontrava. Com o intuito de estimular a reflexão sobre os problemas culturais do país, reúne-se com outros intelectuais portugueses, entre os quais estava Eça de Queirós, num local designado por Cenáculo. Aqui nasce o propósito de proferir um conjunto de conferências cujos temas refletissem a cena político-cultural portuguesa, cujo programa se conhece em 1871.
Do conjunto alargado das conferências projetadas, apenas cinco vieram a público. As restantes não chegaram a ser divulgadas publicamente porque o governo editou uma portaria onde proibia a sua realização por as considerar instigadoras da ordem pública.
O Realismo
A conferência proferida por Eça de Queirós lança as bases estéticas deste movimento literário, que se constitui como reação ao romantismo e resulta de uma nova preocupação, agora voltada para a realidade concreta e para as questões sociais e humanas, que serão analisadas ao pormenor. Pode afirmar-se que o Realismo é um movimento artístico que tenta observar e captar a realidade de uma forma objetiva, fazendo dela uma análise rigorosa, servindo-se da narrativa, particularmente do romance, por ser este que permite articular a narração com a descrição minuciosa dos espaços onde decorre a ação. Aqui, a personagem ganha relevo, especialmente porque se lhe associam aspetos profissionais, económicos, culturais e esta estabelece ligação com o mundo real, representativo de uma época histórica.
O Naturalismo
O Naturalismo serve-se do real objetivo embora lhe imprima um caráter analítico. Isto equivale a dizer que parte do mesmo pressuposto do Realismo, mas não se limita a representá-lo, procura aprofundá-lo através da análise das circunstâncias sociais que envolvem as personagens e que condicionam o seu comportamento. Parte, por isso, dos princípios deterministas como a hereditariedade, o meio social e a educação que condicionam os fenómenos humanos em todas as dimensões.
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